Ademyr Rico

Corpo Prefeitura


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Os orgãos que a gente vê com liberdade e cultura
Acharam que o corpo humano devia ter legislatura
Fizeram uma reunião pra ver qual tinha postura
Pra ser o orgão eleito que pudesse ser prefeito
Desse corpo prefeitura

O inicio do debate se deu na hora marcada
Os olhos se pronunciaram de maneira equilibrada
Sem visão o corpo humano vai cair numa cilada
Sem nós dois o coitadinho não pode seguir sózinho
Por essa péssima estrada

Os ouvidos retrucaram olha aqui vamos dizer
Somos a dupla de orgãos que faz o corpo entender
O canto dos passarinhos que encanta o amanhecer
Falamos com muito orgulho sem escutar o barulho
Não tem motivo viver

O nariz ficou de pé e foi chegando faceiro
De que adianta comer sem saber qual o tempero
Quando pego oxigênio o aroma vem primeiro
Quem é cego e não escuta só sabe qual é a fruta
Se conhecer o seu cheiro

A boca chegou de manso e falou suavemente
Tomo água e anuncio as dores que o corpo sente
Se eu não comer o alimento o corpo fica doente
Sou candidata ranheta e a coisa vai ficar preta
Se eu der com lingua nos dentes

De repente levantaram xonados cheios de amores
Com muita propriedade os orgãos reprodutores
Disseram sem ter a gente o corpo perde os valores
Falamos com entusiasmo sem a delicia do orgasmo
A vida não tem sabores

Terminando o seminário um orgão ficou pro fim
Sem banho meio caído com jeito tupiniquim
Levantou soltando um grito e a todos falou assim
Eu quero saber primeiro porque todos brasileiros
Só mandam tomar em mim

Os orgãos lhe responderam por favor diga seu nome
Não vai ter necessidade sou eu quem regula a fome
Eu libero aquela sobra de tudo que o corpo come
Só eu vejo todo dia o monte de porcaria
Que o corpo humano consome

E digo mais, tem corpinho que nunca guarda segredo
Recebe através de mim visitas que me dão mêdo
Umas parecem bombinhas outras parecem torpedo
Entram sem pedir licença nem notam minha presença
Por isso que vivo azedo

Na prefeitura lhes digo com toda sinceridade
Só eu consigo evitar as sugeiras de verdade
Moro na ponta da rua la no final da cidade
Falo com toda certeza se eu não tiver firmeza
O corpo perde a vaidade

Vocês viram a importância que tenho pro corpo humano
Se acaso eu entrar em greve a todos causarei danos
Tem hora que levo esporro por capricho ou por engano
Mas quero ser o prefeito e serei se for eleito
O rei de todos os "anus"


Autor(es): Ademyr Rico